31 de jan. de 2008

Escrito para o site do Grito Rock no dia 23/1. Publicado no mesmo dia, sem alterações.

Grito Rock Rio é destaque no Jornal do Brasil


Ae! O Grito Rock Rio aparece hoje em destaque no site do Jornal do Brasil. Leandro Souto Maior, jornalista do JB Online, fez uma matéria sobre opções alternativas no Carnaval carioca. E qual o primeiro evento a aparecer? O Grito Rock Rio, claro. O texto destaca que o evento, produzido pela Cinammon, é totalmente independente. Para o JB, o Grito Rio é perfeito para "roqueiros, mais chegados a uma guitarra pesada que um surdo de escola de samba". E é mesmo: dos eventos citados, que inclui outras festas de rock, ele é o único com apresentações ao vivo de bandas. O resto é tudo DJ.

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Escrito para o site do Grito Rock em 22/1. Publicado no mesmo dia, sem alterações.

Já são quase 300 shows confirmados

Já são quase 300 shows confirmados para o Grito Rock América do Sul. Com a divulgação da lista do Grito São Paulo, que rolou na sexta, são 294, exatamente. Na capital paulista, serão 12 shows em três dias diferentes de evento. Lá, mais da metade das apresentações será de bandas oriundas de outras cidades. É uma porcentagem bastante alta, em comparação com o resto do país. Afinal, dos 294 shows, 96 serão de bandas "visitantes", o que dá mais ou menos um terço do total.

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18 de jan. de 2008

Escrito para a assessoria do Grito Rock em 18/1. Divulgado via newsletter no mesmo dia, com alterações.



O Maior Festival Do Brasil

Grito Rock 2008 deve acontecer entre 19/1 e 24/2. Mais de 50 cidades devem participar, incluindo Buenos Aires e Montevidéu, pela primeira vez. Serão mais de 300 bandas em festival que tem como foco o trabalho em rede.

Momento chave na cultura brasileira, o Carnaval traz consigo duas idéias: o espírito de celebração grupal presente em blocos, cordões e afins; a idéia de estagnação na música que insiste em ser igual ano após ano. No Grito Rock, que acontece justamente durante o Carnaval, a primeira idéia é usada para combater a segunda. Pois é dentro de um sistema de trabalho em rede que 50 cidades espalhadas pela América do Sul devem fazer um festival integrado de música nova: o Grito Rock 2008.

O Grito começou em Cuiabá, como opção para quem, em 2002, não queria de novo ser “folião” de festas tradicionais de Carnaval. Cinco anos depois, transformou-se em festival integrado, unindo produtores independentes de todo o país. Em 2008, até as fronteiras nacionais serão ultrapassadas: o Grito Rock será realizado também, e pela primeira vez, em Buenos Aires (Argentina), Montevidéu (Uruguai) e Santa Cruz De La Sierra (Bolívia). Estão previstos mais de 300 shows.

Software livre: em cada cidade, um Grito Rock próprio

Tudo acontece dentro do fundamento do software livre. O modelo de festival adotado primeiramente em Cuiabá fica disponível para quem quiser trabalhar sobre ele, adaptando-o às necessidades locais. O que importa é estar conectado em rede, os produtores trocando tecnologias e experiências, criando uma rede de trabalho, fortalecendo uma cadeia produtiva da cultura nacional. Assim, por exemplo, durante o Grito 2008 (de 19/1 a 24/2), pelo menos 90 bandas devem viajar pelos locais que realizam o festival, apresentando-se fora de suas cidades-natais. E a programação do Grito 2008 conta com a adesão de festivais que já aconteciam anteriormente, como o Rec Beat (de Recife) e Psycho Carnival (Curitiba).

Mas tão importante quanto a criação dessa rede nacional (e, agora, transnacional), é garantir que o Grito fomente as cenas locais, envolvendo artistas, produtores e comunicadores. Em Brasília, o blog criado para o evento tem abordagem abrangente, falando sobre vários aspectos da cena local. Já em Fortaleza, três produtoras diferentes serão responsáveis pelo Grito Rock de lá, cada uma tendo ao menos uma noite própria, com características particulares.

Em Cuiabá, o Grito Rock está incluído na programação oficial da prefeitura para o Carnaval. No Rio de Janeiro, haverá debate, exposição de quadrinhos e projeções de filmes e vídeos. O diferencial de Curitiba é ter atrações internacionais para o festival de psychobilly (gênero em que o punk encontra o rockabilly), vindas da Inglaterra, dos Estados Unidos e do Chile.

Trabalho em rede gera novas rotas produtivas

A integração com outros países da América do Sul é, aliás, ponto fundamental do Grito deste ano. Afinal, por que não há maior intercâmbio cultural entre países geograficamente tão próximos? Certamente, a música independente não é o primeiro segmento a fazer essa pergunta ou tentar aumentar tal intercâmbio, mas talvez seja o que tem melhores de condições de realmente fazê-lo. Afinal, na música, a barreira da língua tem menos valor e o Grito Rock já provou em 2007 sua habilidade de criar rotas produtivas.

Que o diga a banda cuiabana Chilli Mostarda, que, pela segunda vez, aproveita o Grito Rock para uma pequena excursão. Em 2008, serão quatro shows em quatro dias, partindo de Cuiabá e chegando a Belo Horizonte. Essas rotas produtivas devem florescer especialmente no Sudeste. Na região, o Grito acontece em 17 localidades, num território relativamente pequeno (comparando-o à região Norte, por exemplo). Cidades como São Caetano e Sorocaba ainda se beneficiam da proximidade de grandes centros culturais já estabelecidos, como São Paulo.

Mas há formas de vencer a distância. Pode ser fisicamente: a banda paulistana Somos deve se apresentar em Rio Branco, no Acre; os paraibanos do Cabruera estão escalados para Porto Alegre. Pode ser midiaticamente: a Rádio Venenosa FM, veículo oficial do Grito carioca, também é transmitida em outros dois estados.

No total, será mais de um mês de música, as prévias cuiabanas tendo começado em 19 de janeiro e o “enterro dos ossos” em Fortaleza estando agendado para 24 de fevereiro. Mas a idéia é que as redes criadas para o Grito permaneçam ativas por todo o ano, redesenhando o mapa da cultura brasileira.

|Pedro Acosta|

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8 de jan. de 2008



todas as fotos são do
Fosforeto




Umas poucas mudanças e o Humaitá Pra Peixe se transformou num festival de rock independente. Ou, pelo menos, em algo mais próximo do que geralmente se espera de um evento assim. É claro, as atrações emepebistas de sexta foram substituídas pelo folk-rock do Vanguart e o axé-rock (?) do Do Amor. Mais, numa repentina mudança climática, o sol foi embora e uma chuva forte caiu sobre Copacabana, sumindo com os banhistas/pedestres do dia anterior. Do lado de dentro da Sala Baden Powell, sumiram umas 200 pessoas (público estimado de 400, contra 600 do dia anterior). Entre elas, os tradicionais velhinhos do bairro, que haviam tido presença marcante na sexta e eram raros nesse segundo dia, e muitos dos vestidos floridos, as fãs de Roberta Sá. Por fim, um clássico de festival de rock, houve até problemas de som, uns apitos no começo do show do Vanguart.

As cadeiras (500 delas), porém, continuaram lá. Mas nada contra elas. Em entrevistas, público e artistas têm se declarado entusiastas da idéia de fazer um show para teatro, com público sentado. Comenta-se a nova relação da platéia com a apresentação, em relação à arena do Sérgio Porto, que está em reformas após incêndio, onde todas as 13 edições anteriores do Humaitá Pra Peixe aconteceram. Essa nova ordem ficou bastante explícita na noite de sábado. Do Amor, banda ainda razoavelmente desconhecida , apresentou seu show a um público curioso, mais observador e quieto de início. Mais tarde, em entrevista, o guitarrista Gabriel Bubu compararia a experiência a “um clipe dos anos oitenta em que há uma banda no palco e, na platéia, apenas múmias sentadas nas cadeiras”. (Você sabe que vídeo é esse? Deixe um comentário!) Só humor: no fim da apresentação ‘Do Amor, a platéia urrava e aplaudia como poucas múmias poderiam fazer.



Vanguart



E o momento mais emocionante da noite só poderia mesmo ter acontecido num teatro. Lá pela metade do show do Vanguart, todos os integrantes do grupo deixam o palco. O diminuto vocalista Helio Flanders está sozinho. Ele troca de violão, lentamente ajusta uma gaita ao seu pescoço, o público em silêncio, olha em volta: “assim, fico até sem-graça”, Helio diz. Ele canta “The Last Time I Saw You”, a faixa 13 do primeiro disco, homônimo, lançado em agosto passado via Outracoisa. Durante uns cinco minutos, Helio controla a platéia, exercitando seus dotes de contador de histórias, mudando o andamento, soprando a gaita, articulando ao máximo frases como “The 6th time I saw you | I was properly insane | From the whisky I had drunk | And the joint I had smoked” (algo como “da 6a. vez em que te vi | eu estava completamente louco | por causa do uísque que eu tinha bebido | e o baseado que eu tinha fumado”). E baixando o tom de sua voz e de seu violão até que o teatro todo ficasse em silêncio, a algaravia do corredor invadindo-o, um silêncio tenso que o vocalista quebraria com a gaita e o público com palmas e gritos, que tinham em si um certo alívio: o silêncio tinha acabado.

O show inteiro foi mais ou menos assim, razoavelmente silencioso, calmo, poucas coisas ditas ao microfone, uma canção, um breve intervalo, outra canção. Talvez seja isso o que levou um homem a gritar, já quase no fim da apresentação: “rock and roll!”, em tom de demanda. “Toca Raul”, alguém gritou logo depois, e “High School Musical”, pediu um gaiato. Fora esse último, os outros foram atendidos. Vanguart terminou seu show com a destrutiva “Semáforo” e, no bis, a banda tocou... Raul! A escolhida foi “Medo De Chuva”, que a o grupo tocou no programa Som Brasil, da Rede Globo, uma homenagem a Raul Seixas que deve ser reprisada hoje à 01:20 (na verdade, de hoje para amanhã). Por fim, o acelerado country-rock “Outlaw Blues”, uma versão para Bob Dylan.



Do Amor



Dylan certamente é uma escolha mais tradicional para versão que aquela que o Do Amor fez para encerrar sua apresentação: Tears For Fears (synth-pop radiofônico americano, duo clássico dos anos 80). Numa surpreendente versão de “Sowing The Seeds Of Love”, com direito a tradução simultânea para o português. Por que fazer essa versão? A banda elabora algumas teorias, de novo com uma referência a videoclipes. “A gente viu eles tocando isso ao vivo, já velhos, e eles pareciam muito o Ween (banda americana, alternativa, dos anos 80, influência no som ‘Do Amor)”. Marcelo Callado, Tears For Fears é uma influência pra vocês? O baterista responde, numa entrevista no camarim: “não! Eu nunca ouvi Tears For Fears, nunca gostei de Tears For Fears, mas quando sugeriram, fez todo o sentido e, quando a gente toca, faz mais sentido ainda”, se anima. O guitarrista Gabriel Bubu completa: “eu tinha uma tia relativamente hippie (?) que, quando viu esse clipe, numa fita de vídeo gravada da MTV americana, curtiu muito as animações”.



A conversa dá uma idéia do que é Do Amor: pós-modernismo, a banda pós-tropicalista em que tudo cabe, na qual se misturam elementos amplamente aceitos como “bons” (como o rock independente americano dos anos 90) e outros elementos que, numa banda qualquer, apareceriam apenas de forma irônica (como a axé music), mas aqui aparecem de forma... icônica (com significados pessoais). O também guitarrista Gustavo Benjão simplifica: “a gente não tem vergonha de se mostrar”.

No palco, Do Amor é a típica banda carioca: a postura descompromissada, o bom-humor, as barbas mal feitas e as bermudas. Mas um pouco mais incisiva, nos momentos em que, à Sonic Youth, o que importa é o barulho da guitarra e os vocais quase falados. No outro extremo, as influências de axé music e outros ritmos populares garantem momentos dançantes e divertidos como “Pepeu Baixou Em Mim”, que antecedou “‘Seeds Of Love” no fechamento do show.





+É hoje_ Então, anote no seu post-it: quarta, à 01:20 (madrugada de terça pra quarta). É quando a Rede Globo reprisa o programa Som BrasilRaul Seixas. A atração foi ao ar originalmente em agosto último e teve Anna Luisa, Móveis Coloniais de Acaju, Lobão e Vanguart tocando Raul.

+Nova_ Logo após “The Last Time I Saw You”, já a banda completa, o Vanguart apresentou uma nova música. É um blues razoavelmente tradicional e de andamento moderado, de quando em quando apimentado por sopros de gaita contrastando com um dedilhado delicado no teclado. Ou golpes violentos ao violão, a mão esquerda de Helio passeando pelo braço do instrumento. No refrão: “you know me so well, I know you as well” (algo como “você me conhece tão bem, eu te conheço também”, já com rima!)



+Cabotino 1_ Antes de apresentar a música nova, Helio disse que o Vanguart tinha feito muitos shows recentemente no Rio e que o amigo Pedro Acosta reclamava que nunca tinha música nova. Pronto, falei!

+Cabotino 2_ Algo que aprendi colando links em comunidades para promover este blog foi que o número de pessoas interessadas em saber o que é o Arquivo Acosta é três vezes menor que o número de pessoas interessadas no meu perfil do Orkut.

+Mosh_ Sabe quem causou no show ‘Do Amor, pulando do palco e fazendo moshes muito loucos? Pablo, de cinco anos, filho do baixista Ricardo Dias Gomes. Arazo. (Foto abaixo)



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6 de jan. de 2008

Todas as fotos deste post são do incrível Fosforeto


O sol tem se posto só depois de 19:30 no Rio. Assim, nesta sexta-feira, quem ia em direção à Sala Baden Powell para o primeiro dia de Humaitá Pra Peixe tinha que disputar as calçadas com gente saída da praia, andando só de roupa de banho pelas ruas: ah, Copacabana!

Dentro da Sala, o ambiente era tão carioca quanto fora. Era noite de Roberta Sá no Humaitá Pra Peixe e, às 20:50, as mais de 500 pessoas que lotavam o auditório aplaudiram o começo do show. Abrindo a apresentação, a mesma música que abre "Que Belo Estranho Dia Para Se Ter Alegria", o elogiado segundo disco de Roberta, lançado no final de 2007. Composta pela revelação da MPB pernambucana Junio Barreto (com Jam da Silva), “O Pedido” criou um momento impactante no começo do show, com suas referências macumbeiras.



Essa força só voltaria no final da apresentação, quando Roberta abriu um momento “samba”. Nesse bloco, “Samba de Amor E Ódio” (de Pedro Luís e Carlos Rennó: “erra quem sonha com a paz mas sem a guerra”), que deu uma necessária injeção de ânimo na apresentação. Espremidas entre as cadeiras e os corredores da Baden Powell, poucas pessoas arriscavam sambar, a ilha central do teatro virando uma inusitada passarela. No balcão, meninas de vestido florido (como o de Roberta), tentavam palmas e algumas evoluções, acompanhando músicas como o frevo “Fogo e Gasolina” e o samba de roda “Girando Na Renda”, ponto alto do show, as palmas de todo o teatro marcando o ritmo.

Mas a maior parte da apresentação foi mesmo como versa Lula Queiroga em “Belo Estranho Dia De Amanhã”, que apareceu na metade do show: um tempo romântico, calmo, onde as preocupações cotidianas desaparecem (“vai ter mais tempo pra gente ficar junto”, “os políticos amanhecerão sem voz”). Entre bossas e sambas amenos, “A Vizinha do Lado”, de Dorival Caymmi - a música que revelou Roberta Sá, ao ser incluída na trilha da novela global “Celebridade” – foi cantada em coro. Já “Casa Pré-Fabricada”, do hermano Marcelo Camelo, não ganhou um coral, mas foi cantada de olhos fechados e cara emocionada pela menina de cabelos longos presos como os de Roberta que estava sentada no balcão – uma das imagens mais explicativas do show.





Pouco depois do show, no camarim, a maquiagem do palco ainda no rosto, Roberta Sá respondeu a algumas perguntas para o AA (é “Arquivo Acosta”, caso você ainda esteja se acostumando); mas só depois de atender a inúmeros pedidos de fotos com os fãs.

_Acosta diz: Que tal essa participação no Humaitá Pra Peixe?
_Roberta diz: Foi maravilhoso! O público de festival é um público especial, que está aqui procurando novidade. Eu me sinto lisonjeada de participar de um festival tão bem-sucedido.

_Acosta diz: Sua música parece ser muito bem recebida por pessoas bastante diferentes. Há uma preocupação em fazer um som que seja acessível?
_Roberta diz: Não. Eu faço a música que eu gosto de ouvir. Acho que a música tem que primeiro alcançar você, para depois alcançar o público.



_Acosta diz: Acho que foi Bruno Levinson (organizador do HPP) que disse numa entrevista que esse era o ano para você tocar no festival, que ano que vem você já vai ser “grande demais” para o Humaitá. Concorda? O que vai acontecer com a sua carreira em 2008?
_Roberta diz: (com um sorriso largo) É exagero da parte dele. Eu não tenho bola de cristal, mas espero fazer muito show. Já está acontecendo, eu devo ir para Salvador e Recife por agora.

_Acosta diz: Você é freqüentemente apontada como símbolo da nova música carioca, da nova geração carioca. O que é ter 20 e poucos anos no Rio hoje? (Roberta tem 27)
_Roberta diz: É ter acesso a muita cultura de qualidade, música de primeira. Mas ao mesmo tempo se preocupar com a hora de voltar pra casa, por causa da violência. E eu acho que esse é o maior feito da Lapa, tudo lá rola na maior paz.

_Acosta diz: Em alguns momentos, você parece bastante preocupada com a situação das coisas, questões como violência e política. Mas, como na canção do Lula Queiroga, isso tudo acaba ficando em segundo plano na sua música. Por quê?
_Roberta diz: Olha, está tudo tão difícil que, se for cantar só as misérias, não há quem agüente. Música é pra deixar a gente leve também.




+ No site de Roberta Sá, é possível ouvir todas as músicas de seus dois discos, além de ler as letras e cifras. É só clicar no nome dela neste texto, e pronto!

+ Havia muitos velhinhos na platéia, aquela população típica de Copacabana. É piada pronta, mas tentei falar com quatro deles e não consegui: eles não me ouviam! Na quinta tentativa, falei com Esther, de 79 anos (foto abaixo). Ela disse que tinha gostado muito do show de Roberta, que sempre ia aos espetáculos da Sala Baden Powell e que pretendia voltar para outros shows do Humaitá Pra Peixe, mesmo sabendo que havia bandas de rock na programação: “eu ouço de tudo!”, arrasou.



+ Por quatro reais, dá pra provar um drink (?) feito à base do produto de um dos patrocinadores do Humaitá Pra Peixe 2008: Toddy. Um deles? Toddy Frozen Crazy, com Toddy, leite de coco, creme de leite e gelo. Não vi ninguém provando. E também não pretendo experimentar porque não sou a Glória Maria nem o Zeca Camargo.

+ Também se apresentou na primeira noite de Humaitá Pra Peixe o cantor e compositor Raphael Gemal.

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4 de jan. de 2008

Começa hoje a 14a. edição do Humaitá Pra Peixe , o festival de música independente mais importante do Rio. A programação de 2008 faz quase um apanhado dos "melhores de 2007", entre destaques da nova MPB, elogiadas bandas do circuito independente e hypes absurdinhos (na ordem, Roberta Sá, Vanguart e João Brasil, só para citar exemplos). A seguir, alguns shows que este blog não vai perder.



Macaco Bong - "Bananas For You All"



1. Um show do Macaco Bong desafia: quem não gosta de música instrumental tem que resistir pra não gostar do que ouve; quem se diz grande conhecedor de música vasculha os arquivos na tentativa de encontrar as influências do grupo; quem não gosta do som do Macaco precisa se esforçar para não admitir que o que se vê no palco é mesmo arrebatador. Guitarra, contrabaixo e bateria: a simplicidade de elementos não denuncia a incrível massa sonora que vem do palco. O show do Macaco Bong está em algum lugar entre uma partida de tênis e um culto religioso. É possível ver o que o a guitarra propõe ao baixo, e como esse responde, e a bateria, e dali, quase magicamente nasce a música. Não bastasse a experiência musical em si, palmas para Kayapy, o guitarrista que, variando entre rockstar transando com a guitarra e músico compenetrado, comanda a banda. O Macaco Bong é a primeira banda do domingo, 20/1.



Vanguart - "Last Express Blues"



2. A possibilidade de o Vanguart fazer um show ruim é praticamente nula. 2007 foi um ano cheio na agenda da banda, que excursionou pelo país todo, baseando-se num mesmo repertório. Boa parte do material do show está no disco "Vanguart", que o grupo lançou em agosto passado. E que material. As canções do Vanguart conquistam logo pelas melodias, que podem lembrar Beatles, Roberto Carlos ou Radiohead. Ouvindo com mais atenção, vêm as letras, misturando sensibilidade, ironia e delírio, bem à moda beat. Tudo isso entregue na voz de Helio Flanders - um vocalista que, coisa rara, não parece estar ali simplesmente porque é o compositor. O Vanguart é segunda banda do sábado, 05/1.





3. Talvez a banda mais difícil de se googlar de todos os tempos, o Do Amor tem credenciais vistosas: o baterista e o baixista gravaram o último disco do Caetano; um dos guitarristas tocava com o Los Hermanos. E tem mais! O Do Amor é uma típica banda carioca: bermuda, bom-humor, algo pop, algo retrô. Mas, ainda bem, com guitarras um pouco mais sujas. Algo indie rock 1990, que vai se misturar com incríveis referências de axé music e carimbó. O Do Amor faz o primeiro show do sábado, 05/1.

João Brasil no Mucho Macho



4. João Brasil é o new raver brasileiro? O rapaz é TENDÊNCIA. O caderno Ela (encarte de moda d'O Globo) pediu pra ele dizer o que é cool, uma vez. Aparentemente, cool é flertar com o brega, como João faz em absolutamente todas as suas faixas (e como a Calzone, festa DESCOLÊ da qual ele já participou algumas vezes, faz o tempo todo). Cool é declarar ser formado em música pela universidade de Berklee e fazer músicas que lembram Latino: irresistíveis na pista de dança. O show também vai ser irresistível? Arrasa. João Brasil faz o segundo show da sexta, 11/1.


Superguidis - "O Banana"



5. Em 2006, os Superguidis lançaram seu primeiro álbum, mostrando como era o novo rock gaúcho. O aspecto retrô estava lá, a sensibilidade pop e o bom-humor também. Mas havia um pouco mais de espontaneidade, uma nova leveza e, no caso dos Guidis, um sotaque indie rock anos 90 bem forte. Em 2007, veio o segundo disco, mais tenso, mais amargo (como já estava no título, "A Amarga Sinfonia do Superstar"). Estaria tudo perdido? Vejamos o show. Os Superguidis são a primeira banda da sexta, 18/1.

Roberta Sá - "Pelas Tabelas"



6. Roberta Sá é A nova voz da música carioca. Certamente há muitas concorrentes, mas nenhuma outra tem o que Roberta tem: a voz doce e afinada, o interesse por novos compositores, a reverência ao passado da música brasileira, o gosto por um certo escapismo, os vestidos floridos e longos. Seus dois discos são preciosamente produzidos, para serem escutados calmamente. Tanta calma funciona no palco? Pelo menos a gente sabe que ela é afinada. Roberta Sá faz o segundo show da sexta, 04/1.

+ Todos esses shows acontecem na Sala Baden Powell (Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 360), sempre a partir de 19h, por R$24 ou R$12. Além dos shows, o Humaitá Pra Peixe 2007 tem debates, oficinas, entrevistas e lançamentos de discos. A programação está na página do festival.

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2 de jan. de 2008

Escrito para o Goiânia Rock News em 31/12/2007, a pedido de Hígor Coutinho. Ainda não publicado. Veja as listas do Hígor de melhores do ano. Veja essa também. Feliz ano novo! Novíssimo.

O disco de 2007... considerando apenas o independente brasileiro, há mesmo a possibilidade de não ser "Vanguart"? Aliás, considerando o "mercado fonográfico brasileiro", se é que ele existe, como um todo, há o que mais? "Vanguart" é a forma mais rápida - e a mais bonita - de explicar nosso cenário musical. No que é incômodo, esse flerte com a língua inglesa, essa vergonha de dizer certas coisas em português, esse isolamento brutal que às vezes separa a música brasileira do Brasil em si. Ainda, talvez, um descompasso: enquanto só se fala de "new rave" e de rock dançante e, em São Paulo, as casas transbordam de gente que sai à noite pra ouvir rock independente inglês, pra dançar, nossa melhor banda (e muitas de nossas melhores bandas) tem essa melancolia toda, esse apreço pela canção.

Mas que canções! "Vanguart" conta a história de cinco rapazes com uma sensibilidade musical absurda saídos de um lugar do qual nem se sabia que havia música. Um pessoal que domina seus instrumentos, mostra apreço por letras bem construídas, melodias bem trabalhadas, bonitas, saca de poesia beat e fala direto com sua própria geração - ou "Semáforo" não é um hino que versa sobre nosso fastio para, no fim, explodir com nossa raiva, mostrando que estamos vivos? "Vanguart" é uma demonstração de quão acessível e arrebatadora pode ser a música independente (o "mainstream" não secou, está em todo lugar); e a prova de quanto o sistema de gravadoras nos priva de música sofisticadíssima e relevante.




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