2 de jan. de 2008

Escrito para o Goiânia Rock News em 31/12/2007, a pedido de Hígor Coutinho. Ainda não publicado. Veja as listas do Hígor de melhores do ano. Veja essa também. Feliz ano novo! Novíssimo.

O disco de 2007... considerando apenas o independente brasileiro, há mesmo a possibilidade de não ser "Vanguart"? Aliás, considerando o "mercado fonográfico brasileiro", se é que ele existe, como um todo, há o que mais? "Vanguart" é a forma mais rápida - e a mais bonita - de explicar nosso cenário musical. No que é incômodo, esse flerte com a língua inglesa, essa vergonha de dizer certas coisas em português, esse isolamento brutal que às vezes separa a música brasileira do Brasil em si. Ainda, talvez, um descompasso: enquanto só se fala de "new rave" e de rock dançante e, em São Paulo, as casas transbordam de gente que sai à noite pra ouvir rock independente inglês, pra dançar, nossa melhor banda (e muitas de nossas melhores bandas) tem essa melancolia toda, esse apreço pela canção.

Mas que canções! "Vanguart" conta a história de cinco rapazes com uma sensibilidade musical absurda saídos de um lugar do qual nem se sabia que havia música. Um pessoal que domina seus instrumentos, mostra apreço por letras bem construídas, melodias bem trabalhadas, bonitas, saca de poesia beat e fala direto com sua própria geração - ou "Semáforo" não é um hino que versa sobre nosso fastio para, no fim, explodir com nossa raiva, mostrando que estamos vivos? "Vanguart" é uma demonstração de quão acessível e arrebatadora pode ser a música independente (o "mainstream" não secou, está em todo lugar); e a prova de quanto o sistema de gravadoras nos priva de música sofisticadíssima e relevante.




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