28 de fev. de 2008

Evento Dia Da Rua promove hoje 14 shows-guerrilha no Rio. Os Outros e Do Amor, duas bandas participantes, tocaram nesta quarta.



O problema - Ricardo Dias Gomes, baixista 'Do Amor - revelação atual carioca, que participou do Humaitá Pra Peixe - em entrevista nesta quarta. Sobre o público do Rio: "o problema é que as pessoas no Rio não saem de casa pra ver novidade, ninguém arrisca". Sobre a cena carioca (musical, independente) em geral: "eu tenho tocado desde a adolescência e sei que tem muita banda boa, o problema é ter lugar pra tocar". Nesta quinta, ainda que temporariamente, Ricardo, seu Do Amor, e outros 13 grupos vão resolver o problema.

Uma tomada - O nome do evento é Dia da Rua e sua intenção é que haja apresentações de 14 bandas e um artista plástico em esquinas importantes dos dois bairros mais chiques do Rio, Ipanema e Leblon. Tudo ao mesmo tempo, nesta quinta, 28/2, às 19h:30. Não há organização central do evento, nem divulgação oficial e, pelo que parece, é cada banda por si: "tudo o que eu sei é que vai ter uma tomada", diz Ricardo, "e a gente vai arranjar um amplificador", ele completa. Ele avisa também que não vai ter bateria no show: o baterista Marcelo Callado tocará um "Casio vulgar", criando "batidas safadas".


Do Amor, em show desta quarta no Cinemathéque

No carinho - Shows improvisados, tomando de assalto a hora do rush carioca. Lembra os "guerrilla gigs" (shows de guerrilha) que marcaram o rock inglês no meio desses anos '00. Guerrilha? "Não... não é agressivo", explica Botika, vocalista d'Os Outros, banda que também participa do evento. "A gente vai no carinho", observa, "a gente tem que se virar". Ele conta que "a idéia partiu de Freddy Ribeiro (que colabora com VulgoQinho&OsCara, ambos se apresentam no Dia da Rua, juntos) e foi se espalhando".

Se virando - Também na base do "a gente tem que se virar" é que Os Os Outros promovem, por quatro semanas, o projeto "Os Outros Convidam". Todas as quartas, no Cinemathèque Jam Club (Botafogo), o grupo se apresenta acompanhado de uma outra banda. "A escolha foi feita na base de qualidade e afetividade", explica Botika. Jonas Sá foi o primeiro convidado, na semana passada. Ainda faltam, nessa ordem, VulgoQinho&OsCara e Rodrigo Bittencourt (que também toca no Dia Da Rua). Ontem, o Cinemathèque recebeu Os Outros e Do Amor, mostrando uma música muito diferente da dos guerrilla rockers ingleses, sempre tão punks e barulhentos.


Os Outros, no palco do Cinemathèque nesta quarta

Lá em casa é bom demais - A noite começou por volta de 23:30, com Os Outros. A pista estava razoavelmente cheia e os amigos da banda logo começaram a curtir seu som que lembra Barão Vermelho dos anos 80: a voz bluesy de Botika conduzindo letras esmeradas e irônica sobre um rock dançante com toques de country, blues e rockabilly. Foi nesse último estilo, aliás, que o grupo apresentou uma aplaudida versão para Jorge Ben: "Agora Ninguém Chora Mais". Durante versão meio ska para "Um Leão Está Solto Nas Ruas", de Roberto Carlos, Botika e o baterista Fabiano ficaram conversando num canto do palco: o primeiro substituído pelo baixista Vitor Paiva (os dois trocaram de lugar em outros números), o segundo substituído por Marcelo Callado, antigo baterista d'Os Outros. Do seu repertório próprio, o grupo apresentou "Piano De Bolso", uma balada pop setentista levada apenas pelo guitarrista Papel e pelo vocalista, "Politicamente Correto", e a empolgante "Melhor Coisa Do Mundo", cantada animadamente na platéia ("Se não for querer comer passou um filme na TV/
E a reprise é logo mais, e lá em casa é bom demais").


Do Amor, no show desta quarta no Cinemathèque

World Beat - Mais dançante ainda foi o show 'Do Amor. As apresentações do grupo geralmente variam entre momentos mais roqueiros (noise rock?) e outros mais sacolejantes (world beat?). Na noite desta quarta, a primeira vertente ficou um pouco de lado. Ao ponto de eu ouvir, na pista: "eu vou chegar pra eles e dizer 'vocês são a Tribo De Jah!'". Provavelmente só uma frase de efeito, já que a Tribo De Jah dificilmente faria uma versão space-disco-punk para "Lindo Lago Do Amor", clássico oitentista de Gonzaguinha, apresentado com vocais principais em falsete e vocais de apoio de toda sorte, não muito afinados. Os vocais, aliás, são ponto forte no Do Amor. Como no samba-reggae "Morena Russa" (do repertório do grupo Carne de Segunda, espécie de formação seminal 'Do Amor) em que doces "aaas" e "eees" são contrapostos por gritos vindos do baterista. Já em "Black Knight Disco" (versão para Monty Python), quase no fim do show, Os Outros subiram ao palco para fazer vocais de apoio: gritos guturais em momentos estratégicos, numa música que não tem letra.



Hoje tem festa do Cinerama

Cinerama é o cineclube da Escola De Comunicação da UFRJ. Hoje, o pessoal promove uma festa no Cinelapa. Olha a filipeta aí embaixo! Se tudo correr como planejado, eu vou botar pra tocar um POP BASTARDO (mash-ups, remixes e, sim!, funk carioca, estilizado ou não) e exibir uma seleção de videoclipes. Aparece!



Reparou que a música que o Do Amor> faz do Gonzaguinha se chama... "Lindo Lago DO AMOR"? Hein? Hein? MARAVILHA CONTEMPORÂNEA!

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