23 de abr. de 2007
Enviado a Senhor F, 22 de março. Fora do Eixo, dia 5: Porcas Borboletas no Studio SP *Pedro Acosta “Colagem é o básico”. Assim o vocalista Danislau define o som de sua banda, Porcas Borboletas (MG). Mas a definição também serve para o Studio SP, onde aconteceu a quinta noite de Festival Fora do Eixo. A casa fica na efervescente Vila Madalena e, em sua arquitetura cheia de recortes, anuncia uma noite em que nada é plano e simples. O Studio se abre numa escadaria que leva à pista. No mesmo nível da pista, há uma varanda que não se conecta diretamente com a escada. Os degraus continuam até um deque de madeira, mas atrás deles há um banheiro. Por todas as paredes, cartazes e adesivos, cobrindo-as por inteiro. Neles, lêem-se coisas tão díspares quanto “Om Nanah Shivaya”, “war is peace” e “cemporcento skate”. Sobre essas paredes, aparecem pranchas de surfe decoradas por artistas plásticos. Quando a DJ assume o som, “Staring At The Sun” (dos pós-roqueiros nova-iorquinos TV On The Radio) é tocada logo antes do sucesso da Jovem Guarda “Splish Splash”. As cortinas vermelhas se abrem, e o Porcas Borboletas injeta mais frases e sons no já fervilhante turbilhão de referências. “O Silvio Santos de hoje é feito de plástico”, bradam logo na primeira música, que ainda fala de horóscopo. “Eu sinto muito, mas eu não sinto nada”, diz outra canção. A certa altura do show, menciona-se uma parceria com Arnaldo Antunes (na verdade, seu poema “Eu” foi musicado pelo grupo). Nem precisava dizer. O grupo é claramente influenciado pelas experiências dos anos 80, incluindo-se aí os Titãs e a chamada Vanguarda Paulista (de Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção). Assim, o Porcas Borboletas parte do rock oitentista, chegando aos estilos regionais brasileiros, geralmente em combinações sincopadas. Ainda, há uma preocupação evidente com a performance e a poesia. Essa última resulta em refrãos insistentes cantados à toda pelo público. “É melhor dizer/Amor, acabou a cerveja!/do que chorar/Cerveja acabou o amor!”, no maior sucesso da noite, “Cerveja”. Apresentou-se também a goiana Valentina. Marcadores: festivais, festival fora do eixo, não publicado, porcas borboletas, resenha, São Paulo, Senhor F, show, studio sp
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